"Fomos (mal)educados a pensar que a manifestação clara da nossa vontade era uma forma de nos impormos, mas na realidade não é nada disso: ao tomarmos uma posição clara, deixamos muito mais espaço aos outros para que, também eles, possam tomar a sua. E cansa muito menos do que viver sempre à procura de saídas de emergência."
Isabel Stilwell
O povo de Porto de Mós votou e escolheu. Salgueiro pediu o voto dos portomosenses para continuar como presidente da Câmara e o povo respondeu com generosidade, reforçando até a votação neste candidato.
Salgueiro deve, portanto, cumprir o mandato que o povo lhe confiou e executar o programa que submeteu a sufrágio. Não deve rasgar, sob qualquer pretexto, o contrato que fez com os seus conterrâneos.
Mas ao longo destes últimos quatro anos, tive a oportunidade de conferir o carácter político do presidente Salgueiro... Como dizia Eduardo Sá há dias, na Antena 1, muitos de nós, e os políticos são os piores de todos, não resistem a conjugar os verbos no condicional. Acham que assim ganham maior margem de manobra que lhes permita vir a renegar o que disseram, ou agir em contradição. Desde que arranjem umas “saídas de emergência”, mesmo que improvisadas, o povo não liga a isso. Percebe-se bem que valores guiam os nossos políticos da actualidade. Qualquer cidadão esclarecido não deve, não pode, ficar conformado com esta peste de falta de carácter que invade a conduta de quem nos governa. Cem anos depois, parece-me que a República deveria regressar um pouco às suas origens devolvento à Política os valores republicanos.
Certo é que a expressão clara das minhas ideias e opiniões neste blogue, não constitui, como diz Isabel Stilwell, nenhuma forma de me impor mas é apenas uma maneira de dar mais espaço aos outros para que também tomem as suas posições. Depois destas eleições autárquicas, certo é, também, que não me podem mais apontar como um dos responsáveis da vitória de Salgueiro. Dessa responsabilidade moral já cumpri a minha penitência. Para o bem e para o mal.

