Votar é um acto íntimo de cidadania. Na privacidade da cabina de voto, cada um de nós faz o seu juízo acerca das propostas e dos candidatos que se apresentam a sufrágio e vota em consciência, e vota em liberdade, sabendo que o seu voto conta - esta é a essência da democracia.

O voto é secreto, mas ninguém vota secretamente. O meu voto, no próximo domingo, não é, por isso, tabú. Da avaliação que faço da nossa política local, depois de assistir aos debates radiofónicos (faço jus ao belo serviço público que os meios de comunicação social locais prestaram!) procurarei votar com sentido.
Para a Câmara Municipal apresentam-se basicamente dois candidatos: Salgueiro e Júlio Vieira. Representam, a desilusão e a esperança, a charlatanice e a seriedade, o calculismo e o voluntarismo, o conformismo e a capacidade de sonhar. Na acção política, Salgueiro tem muito de cigarra e Júlio apresenta bastantes traços de formiga. Salgueiro quer apenas votos para alimentar o seu ego e a sua estratégia de poder, Júlio precisa de votos de confiança para implementar o plano que desenhou para desenvolver o nosso Concelho. Um não vê mais além que o limite da sua própria sombra, outro vislumbra um horizonte que se confunde com o céu. O sentido do meu voto vai, assim, para Júlio Vieira. Dar-lhe-ei um voto de confiança.
Para a minha Junta de Freguesia, os protagonistas são outros e o sentido do meu voto também. Estimo pessoalmente Rui Marto e José Cordeiro e felicito os dois por se disponibilizarem para servir a população da minha freguesia. Mas não tenho dúvidas quanto à capacidade de cada um para desempenhar a função a que se candidatam. José Cordeiro é um homem bom, de uma geração que lutou pelo desenvolvimento da freguesia mas cuja formação pessoal e profissional não se enquadra, do meu ponto de vista, nas competências exigidas a um presidente de Junta de uma Freguesia moderna como a de Alqueidão da Serra. Rui Marto, sendo mais novo e, por isso, pessoalmente menos maduro, desenvolveu competências profissionais que têm demonstrado ser de grande utilidade para o desenvolvimento da freguesia. Sem desmerecimento para com o Ti Zé Farinhas, darei o meu voto de confiança ao Rui Marto, porém, com um pequeno receio - que, confrontado com a necessidade de defender os interesses da Freguesia, ceda à chantagem que os seus correligionários lhe farão, necessariamente, em relação aos seus próprios interesses pessoais e legítimos. Por outras palavras, Rui Marto pode ficar com "o rabo preso". Dou-lhe, por isso, um conselho, se me é permitido: denuncie a chantagem, se existir e quando existir, e fale sempre verdade à população do Alqueidão. Rui Marto terá uma missão fundamental, do meu ponto de vista, que é resolver definitivamente o diferendo do Parque Eólico. Ironicamente, o problema surgiu com ele na Junta. Depois houve um equívoco de quatro anos chamado Salgueiro, Rui Marto continuou na Junta. Creio que está na hora dos legítimos herdeiros do problema, (Junta PS do Alqueidão e Câmara PSD) se sentarem à mesa, nos dias a seguir à eleição e fazerem um acordo extrajudicial, corrigindo assim um erro que ficará na história da Freguesia e do Município.
Feliz, votarei, domingo, com sentido. Vote também.

