“Gosto muito da minha terra, amo o chão que piso, a terra que me viu nascer.” Subscrevo com todas as letras esta expressão de amor pela minha terra. Ela, contudo, não é a "minha terra", mas a do candidato Júlio Vieira e encerra em si um equívoco que, desde já, convém clarificar.

Trata-se do sentimento de posse pela
“terra que me viu nascer”. No nosso micro cosmos, a terra que viu nascer Júlio Vieira não é a mesma que me viu nascer a mim e, se a expressão do sentimento é comum, o objecto do nosso amor é bem diverso: Júlio Vieira ama S. João, a freguesia que o viu nascer, enquanto eu sofro pelo Alqueidão da Serra, o meu primeiro berço. Não é, contudo, por isso, que não deixamos de estar, eventualmente, em sintonia porque, creio, o amor pelas nossas terras é genuíno. Este mesmo sentimento se poderá aplicar, com propriedade, a todos os homens bons das restantes onze freguesias do nosso concelho. É o salutar bairrismo que faz as terras evoluírem e crescerem de acordo com o querer, o amor e a vontade dos seus habitantes.
Mas existe um sentimento secular nas elites políticas da Vila e uma marca genética na administração municipal, que subestima as particularidades naturais de cada freguesia e nelas coloca um freio opressor em nome de uma imaginário “bem comum” meramente conjuntural ditado, muitas vezes, pelo egoísmo e prepotência dos detentores ocasionais do poder municipal. Supervalorizam a cabeça do concelho e alimentam o monstro administrativo, muitas vezes, quem sabe, em eventual benefício próprio. A macrocefalia que, com frequência, é criticada pelos municípios em relação ao poder central é, aqui, elevada à sua quinta essência nas relações da Câmara com as Freguesias do concelho.
Para Júlio Vieira ser uma “nova esperança em Porto de Mós”, como disse no acto de apresentação da sua candidatura o Presidente da Distrital de Leiria do PSD, Fernando Marques, não lhe basta ser de uma nova geração de políticos mas terá o desafio de corporizar o “homem novo” da política local na relação institucional com as freguesias do concelho.
Estaremos atentos a este detalhe nos seus compromissos eleitorais. Cada portomosense, do Arrimal à Calvaria, de Mira de Aire às Pedreiras deve sentir orgulho da sua terra, lutar pelo desenvolvimento do pequeno lugar, ou da grande freguesia, que o viu nascer e dizer bem alto que adora o seu concelho, sem sentimentos de fatídica submissão ao poder municipal. Pôr em causa o lobbie conservador e serôdio que tem gerido os nossos destinos comuns a partir dos Paços do Município é, no meu ponto de vista, um dos maiores desafios de Júlio Vieira. Será ele um reformista ou um conformista?