Na Sociedade da Informação, a blogosfera promove o debate frequente, a dimensão participativa e a socialização das informações produzindo cidadãos mais informados e mais interessados nas questões públicas da nossa terra. Como J.Trippi em The Revolution Will Not Be Televised, um dia destes, ainda havemos de poder dizer, também em Porto de Mós, que “estamos ligados pelos nossos direitos enquanto cidadãos e pela própria fibra da democracia.” Por enquanto, o que nos sobra em direitos cívicos falta-nos em alfabetização digital e em fibra… óptica, entenda-se! Mas este é, cada vez mais, parte do nosso mundo quotidiano.
A Ideia
Temporalmente, PensarPM.blogs.sapo.pt foi concebido nos dias seguintes às eleições autárquicas. Em sintonia com o processo de mudanças sociais, económicas, culturais e tecnológicas que se estavam (e estão) a operar no concelho e independentemente da alteração política resultante daquele acto eleitoral no qual participamos de forma cívica e independente nas listas do Partido Socialista à Câmara Municipal, entendemos que era altura de somar a blogosfera ao campo de intervenção cívica. PensarPM.blogs.sapo.pt nasceu naturalmente nove meses depois, em Junho último. É um convite permanente à participação cívica dos cidadãos na vida do nosso município e um modo de interacção para a criação do conhecimento social. Pela palavra, livre e responsável, com Porto de Mós como pano de fundo.
A Identidade
Ao contrários de outros blogs do concelho, a revelação da identidade do bloguista é assumida por uma questão de credibilidade, de confiança, de reputação e de transparência. PensarPM.blogs.sapo.pt funda a sua reputação na transparência e a transparência significa também declarar explicitamente a própria opinião ou o preconceito, como método para estabelecer relações de confiança sólidas. “A identidade é a base para a reputação, a responsabilidade é um valor acrescentado”. (D.A.Whetten e A.Mackey em Business and Society, Dezembro 2002). Obviamente que tal revelação não prejudica a libertade de expressão ou a crítica neste blog.
A Interferência
Em tese, os conteúdos publicados em PensarPM.blogs.sapo.pt podem interferir ou condicionar a vida política em Porto de Mós ainda que apenas remotamente na medida em que qualquer opinião publicada pode interferir directamente na realidade. O que é interessante, aliás, notar é que neste universo dos blogues, a opinião de um simples cidadão pode tornar-se efectivamente opinião pública. Pública no sentido de publicada pelos meios convencionais de comunicação como os jornais por exemplo, mas também pública porque é uma opinião que diz respeito a toda a comunidade, que é acessível a todos e que todos podem utilizar. Como diz Jay Rosen, do Departamento de Jornalismo da Universidade de Nova Iorque, na blogosfera “os cidadãos participam no grande jogo de influências chamado opinião pública.”
As Fontes de Informação
PensarPM.blogs.sapo.pt não dá crédito a fontes anónimas. Além disso, todos os comentários anónimos publicados no blog não são mais do que contribuições com reserva (legítima) de identidade sugerida pelo próprio comentador. De resto, para os blogistas, informação é aquilo que temos e democracia é o que procuramos.
A Postura
PensarPM.blogs.sapo.pt tem as suas próprias idiossincrasias mas este não é definitivamente um blog de partido ou facção, instrumento de apoio ou oposição a ninguém. Podia legitimamente sê-lo, mas não é. É uma iniciativa pessoal de intervenção cívica consciente e livre na qual qualquer cidadão é permanentemente convidado a participar respeitando o património da Grande Conversação e o Estatuto do blog.
Os Troll
Na Big Conversation que é a blogosfera, a única lei é o respeito mútuo. Todos podem participar nela, até mesmo aqueles indivíduos potencialmente nocivos para a comunidade, pouco disponíveis para o diálogo ou mais votados para o vandalismo verbal e distúrbio social. Actuam sempre a coberto do anonimato. Estes indivíduos são, na gíria, chamados troll. Pois bem, a Grande Conversação é um património comum dos bloguistas e todos são chamados a defendê-la, mesmo quem não está pessoalmente envolvido. E a primeira regra de defesa é “não alimentar os troll”, ignorá-los, fazer de conta que não existem. A atitude é pungente mas eficaz. É como se sentado à mesa da Grande Conversação estivesse alguém que teimasse em comer com os pés. Iria morrer de fome perante o silêncio cúmplice da comunidade.
O Feedback
O número de leituras do blog tem alguma expressão mas há como que uma inibição social que condiciona a participação. É necessariamente uma inibição de natureza cultural que terá, salvo melhor opinião, alguma coisa a ver com um certo estádio de alfabetismo digital do concelho. Sinal disso, são os “toques” frequentes e encorajadores recebidos por canais mais convencionais como o contacto pessoal e o telefone.
Segundo o jornal Região de Leiria de 20 Outubro, o Ministério Público está a investigar as contas da Junta de Freguesia de S. Bento a qual terá sido alvo de uma auditoria no passado dia 16 de Outubro.
Não sabemos se o processo está ou não em "segredo de justiça" mas, em todo o caso, aceitamos o silêncio comprometido de Manuel Mena, o presidente da Junta. Ganha assim nova actualidade o post anterior sobre este tema.
A pedra que agitou, há um ano, o charco da nossa política caseira, está agora no sapato dos novos detentores do poder municipal. É politicamente insensato menosprezá-la, até porque a caminhada ainda é longa e as expectativas de sucesso deste mandato não podem ser comprometidas por tamanha negligência. A pedra é, afinal de contas, uma cifra: 2,5% da produção do Parque Eólico de Alqueidão da Serra.
A adesão das freguesias às propostas e à figura de Salgueiro teve várias motivações: se, compreensivelmente, Juncal e Pedreiras deram a vitória a João Salgueiro por razões de proximidade e de berço, outras como Calvaria de Cima, Mira de Aire ou Alqueidão da Serra fizeram-no por um sentimento comum de abandono a que tinham sido votadas pelo anterior executivo municipal. Em Alqueidão da Serra, contudo, houve um facto particular que aglutinou toda a freguesia em torno de Salgueiro - a disputa entre Câmara e Junta de Freguesia da renda do porque eólico instalado mesmo por cima das cabeças dos alqueidoenses. Alqueidão da Serra votou PS generosamente. A vitória de João Salgueiro e da sua equipa foi a concretização da esperança de que justiça haveria de ser feita e de que a renda seria entregue à freguesia. A contenção de Salgueiro ao falar publicamente deste assunto era justificada pelo facto de não conhecer o dossier mas o clima estava criado. Salgueiro aceitou o apoio massivo e empenhado dos habitantes de Alqueidão da Serra e assim firmou um compromisso de honra com as aspirações desta freguesia que se viria a revelar valioso para a sua vitória eleitoral. Basta notar que, por hipótese, se os alqueidoenses que votaram Salgueiro tivessem decidido votar contra ele, João Salgueiro teria perdido aritmeticamente a maioria absoluta na Câmara e não seria hoje Presidente.
Um ano depois dá-se, em Alqueidão da Serra, este facto espantoso: objectivamente o clamor continua por cumprir quando a solução política para este diferendo havia sido encontrada naturalmente pelo voto popular. Até parece que o acto eleitoral não valeu de nada e que na Câmara continua a morar o “velho inquilino”, com a diferença do poder reivindicativo da população estar, desta feita, aparentemente sob controlo.
Um ano depois, Salgueiro já estará por dentro do dossier, por certo já tomou contacto com pareceres jurídicos sobre o assunto, já terá as opiniões dos seus vereadores, da concelhia do partido, da Junta de Freguesia, já terá uma ideia da reacção dos seus opositores do PSD e do estado de frustração dos alqueidoenses por um ano de indecisão.
Um ano depois, Salgueiro tem o dever de apresentar uma explicação à população desta freguesia que legitimamente reclama urgência e solidariedade política na clarificação deste assunto. Sendo certo que o regime democrático gera sempre soluções para os problemas políticos, João Salgueiro tem aqui uma boa oportunidade para apurar o seu instinto.
Este é o tempo em que o Presidente da Câmara deve decidir se quer continuar com a pedra no sapato ou pegar nela e transformá-la numa pedra-de-toque do seu mandato.
A par da aprovação de mais um empréstimo bancário, a Assembleia Municipal em Mira de Aire vetou a possibilidade do município arrecadar receitas próprias através do imposto local chamado “derrama”. Este foi o acontecimento extraordinário que marcou o plenário de deputados municipais e que irá afectar negativamente o equilíbrio das contas do município. Mas que razões poderá invocar a maioria municipal para justificar este acto de irresponsabilidade política?
A derrama em Porto de Mós era historicamente de 5%. Em 2005, porém, foi aprovada uma derrama com taxa zero. Tal como hoje, a situação financeira do município exigia rigor. Não houve portanto qualquer alteração no concelho que justificasse tal decisão a não ser, claro, a certeza de eleições autárquicas em Outubro desse ano e a perspectiva de usar a isenção da derrama como trunfo eleitoral junto dos empresários locais. O acto eleitoral, porém, derrotou o executivo afecto ao PSD e esse argumento deixou de fazer sentido para justificar a decisão da actual Assembleia Municipal que continua com maioria daquele partido.
A derrama (quer na versão antiga quer neste novo modelo proposto pela Lei das Finanças Locais) é uma taxa que visa fortalecer os cofres do município para fazer face a investimentos estruturais. Se olharmos para os municípios à nossa volta verificamos que todos eles, sem excepção, se apoiaram nesse imposto para o seu próprio desenvolvimento. Em 2005, Leiria tinha uma taxa de 10% de derrama, Batalha-5%, Alcanena-10%, Santarém-9% e Alcobaça-10%. Se Porto de Mós, com 0% de taxa de derrama, sacrificou este instrumento de desenvolvimento local em favor da perspectiva de fixação de investimentos privados no concelho, perdeu em toda a linha neste nosso contexto regional. Cada um dos cidadãos, munícipes deste concelho, saberá avaliar os resultados olhando para os concelhos vizinhos. E não se trata da visão da galinha da vizinha…
Numa Assembleia promissora, a velha maioria do PSD voltou, assim, a insistir no erro autorizando a Câmara a contrair novo empréstimo bancário mas rejeitando dotar o executivo de um instrumento importante para ajudar a cumprir as obrigações financeiras decorrentes de tal decisão. Digamos que, em Mira de Aire, a oposição ofereceu, por despeito, negligência ou má-fé, um presente envenenado aos actuais gestores do município.
Seria interessante e, porventura revelador de alguma lucidez política, que o executivo municipal tivesse tido a coragem de confrontar a oposição com as suas próprias decisões vinculando a aprovação do empréstimo à aprovação de uma taxa de derrama. A aposta clara no desenvolvimento sustentado do nosso concelho justificaria uma atitude mais firme do tipo “tudo ou nada”.
Afinal, no melhor pano da democracia cai a nódoa das decisões erradas.
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