Os sinos electrónicos dos campanários das igrejas e capelas que polvilham as freguesias rurais marcam o compassado do tempo, indiferentes ao ritmo de vida, do clima e das estação do ano. Como os sinos dos campanários, outro som teima em invadir o espaço colectivo, fazendo questão de marcar electricamente a nossa sina.
Estou de férias… no “meu” Alqueidão. Longe vai o tempo em que as pessoas iam à Fonte e enchiam com conversas as bilhas e cântaros enquanto um fiozinho de água que corria das duas bicas de bronze, se encarregava de cantar o agoiro: “Chhhh”… à penúria deste bem essencial, “chhhh”… à incompetência ou má-vontade de quem tinha a obrigação de resolver o problema, “chhhh”… ao inconformismo perante tal fatalidade. De regresso a casa, pela noitinha, o som da reza do terço em família perfumava a via pública de uma certa tranquilidade bucólica que, mais tarde, seria perturbada pelo som estridente que saía da sintonia da Rádio Renascença. A oração era a mesma e a falta de água também… se, ao menos, a fé movesse montanhas!...
O péssimo serviço de abastecimento de água que a Câmara presta é, definitivamente, a nossa sina: água domiciliária na fronteira da qualidade sanitária, falhas constantes no abastecimento quer seja por problemas na rede quer seja por falta de fontes abastecedoras com qualidade e abundância, aumento do preço da água, aplicação de uma inusitada “taxa de disponibilidade” e a promessa enviesada de soluções de fundo que nunca chegam porque os projectos mudam ao sabor da conversa de momento ou do tempo eleitoral.
Dona Maria, uma respeitável senhora cá da Freguesia, deu-nos este recado:
“Olha, tenho aqui um papel com as falhas da água. É uma miséria. Vê lá o que é que a gente pode fazer para acabar com isto de vez.”
Vi o papel escrito à mão: “Faltas de água em Julho … dia 20 todo o dia, às 7h já não havia água e foi até ao dia 21. Só houve água das 18 horas até às 22h. Depois só voltou às 9h do dia 22. No dia 2 de Agosto a água faltou das 11h às 22h. No dia 9 das 10 às 14h. No dia…”
Registamos o gesto desta senhora para ajudar a resolver o problema: tomar nota concreta das falhas no abastecimento de água. Com estes elementos, qualquer reclamação terá melhor fundamento junto do Gabinete de Apoio ao Consumidor ou então na Junta de Freguesia ou na própria Câmara.
Independentemente disso, todos fazem, naturalmente, contas à vida procurando vingar o destino suprindo a necessidade de água com a construção de cisternas, como antigamente.
O "ruiiiiimmm" descontínuo das bombas de água em funcionamento está a marcar o som do Verão na minha terra natal e a abafar as promessas de circunstância, que são música, dos nossos responsáveis municipais.
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